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Lunes, 26 Mayo 2008 06:40

Carta do Turista Responsável

 Países longínquos, exóticos, praias de sonho, vistas encantadoras, estruturas de acolhimento com todos os confortos: estas férias são as que, em geral, nos propõem as agências! Nenhuma atenção (ou quase) é
 
 dada à realidade do país que se vai visitar: quais as condições de vida da população local? Quais os impactos da nossa presença no território? Quem são os verdadeiros beneficiários das nossas férias?


Férias responsáveis

Há uma maneira de viajar cuja característica principal é ter consciência de nós próprios e das nossas acções, da realidade dos países que visitamos, da possibilidade de uma escolha bem pensada, diferente.

Isto é Turismo Responsável: quando viaja significa que vai ao encontro dos outros países, das pessoas e da natureza, com respeito e disponibilidade. Quando viaja significa que escolhe não dar apoio à destruição e à exploração, bem pelo contrário, ser vector de princípios de justiça e ser sustentável, com reduzido impacto ambiental e sobretudo cultural, a ponto de se estabelecerem verdadeiras relações entre visitantes e visitados.
  
Os números do turismo
6 mil milhões de pessoas, em cada ano, deslocam-se de um lugar para outro.
127 milhões de pessoas trabalham neste sector (1 em cada 15 com ocupação no mundo!)

Uma facturação semelhante a 6% do Produto Interno Líquido do planeta.
O turista não pode ser apenas um veraneante despreocupado, tem de ser também testemunha de uma realidade muitas vezes difícil e nem sempre agradável de ver. É necessário que os viajantes ganhem consciência do seu papel de consumidores do produto viagem, do qual depende a qualidade da oferta e o destino de milhões de outros indivíduos nos lugares de destino.

O turista responsável é aquele que toma consciência do fenómeno na sua complexidade, e de que o encontro com "o outro" não é um problema a menosprezar, ou a ignorar, mas, pelo contrário, deve ser analisado com responsabilidade.

Para viajar de Olhos Abertos!

Em suma, o turismo responsável visa partilhar experiências de crescimento interior e de respeito pelos visitados. Quem viaja deve estar de "olhos abertos", tendo sempre o cuidado de não "invadir" as sociedades locais para que permaneçam donas das suas vidas.
É provável que um viajante consciente assuma também na sua vida quotidiana, atitudes responsáveis em relação ao Sul do mundo. Apenas desta forma vai ser possível falar do turismo como valor humano, como oportunidade de troca e de aproximação entre culturas.
  
Algumas consequências do turismo de massas:
- Impacto ambiental, cultural, social e económico muitas vezes devastador.
- Perca de valores e tradições (sobretudo nos países do Sul do mundo)
- Redução dos recursos e mal-estar social não compensados por uma justa redistribuição do lucro obtido.
- A possibilidade de encontro e de troca entre turistas e população local é, na maior parte dos casos, fictícia ou limitada a experiências rápidas e artificiais, se não mesmo desrespeitadoras das realidades visitadas.


"Bilhete de Identidade" para Viagens Sustentáveis

"Turismo Responsável: Bilhete de Identidade para Viagens Sustentáveis" é o nome do documento assinado, nos anos 90, por algumas associações do sector. O objectivo comum é promover uma forma de viajar que respeite as comunidades locais, que tenha fraco impacto ambiental e que garanta uma justa distribuição dos lucros.

No "Bilhete de Identidade" evidenciam-se alguns pontos chave: antes, durante e depois da viagem: três fases temporais diferentes que devem ser analisadas com base em indicações concretas, para que se possa realizar uma viagem verdadeiramente responsável.
  
Antes da viagem
Ao viajante:
- interroga-se acerca das reais expectativas e das motivações da sua viagem;

- informa-se e pede informações correctas aos organizadores, não só acerca dos aspectos técnicos e logísticos da viagem, mas, também, do contexto sociocultural que vai visitar, pedindo catálogos realistas nos quais o país a visitar não é apresentado de uma maneira falsa e tendenciosa ou até ambígua (por ex.: turismo sexual) ou manipulada (por ex.: as tradições culturais vendidas "em saldo");

- faz contactos, se possível através dos organizadores, com realidades dos locais que o podem alojar;

- está disponível para encontros preparatórios com os seus futuros companheiros de viagem e/ou com o acompanhante;

- pede aos organizadores garantias sobre a viagem, do ponto de vista ético (privilegiando entre outros: alojamento, restaurantes, estruturas, transportes compatíveis com o ambiente), social (por ex.: pedindo às autoridades dos países de destino a garantia de um desenvolvimento turístico compatível; privilegiando serviços de acolhimento de acordo com a cultura do lugar; escolhendo parceiros locais que respeitem as normas sindicais mínimas estabelecidas pela Organização Internacional do Trabalho) e económico (privilegiando serviços de acolhimento de tipo familiar ou de pequena escala; escolhendo serviços locais em que a diferença de acesso entre o viajante e as pessoas do lugar seja mínimo);

- pede transparência em relação ao valor, no sentido de saber que percentagem do preço final fica para as comunidades visitadas;

- privilegia viagens que garantam a máxima possibilidade de escolha no que respeita a tempos e conteúdos, e organiza itinerários com tempos que não obriguem a pressas;

- informa-se sobre as normas de comportamento aconselháveis;

- não favorece o turismo do comércio sexual e desencoraja, por todos os meios, a prostituição e a pornografia infantil.


Durante a viagem

Ao viajante:
- considera positivo partilhar os vários aspectos da vida quotidiana local e não exige privilégios ou práticas que possam causar um impacto negativo;

- não ostenta riqueza e luxo contrastantes com o nível de vida local;

- pede a autorização das pessoas e dos lugares filmados ou fotografados;

- não adopta comportamentos ofensivos dos usos e dos costumes locais;

- procura produtos e manifestações que sejam expressão da cultura local (por ex.: artesanato, gastronomia, arte, etc.), protegendo as identidades autóctones;

- respeita o ambiente e o património histórico e monumental

Após a viagem

Ao viajante:
- verifica se conseguiu estabelecer uma relação satisfatória com as pessoas e com o país visitado;

- avalia a forma de dar continuidade às relações estabelecidas.

 
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